Manuel TelesManuel Teles era muito novo quando entrou no mundo das artes gráficas. Depois de vários anos a trabalhar em empresas do sector fundou, com dois amigos, a Tecnicromo, em Valongo, uma empresa que começou pequena mas que faz hoje parte da lista das mais respeitadas da indústria.
Manuel Teles, que também integra a actual direcção da Apigraf, defende que o mercado está saturado e que a qualidade e o cumprimento de prazos s

Como é que entrou no mundo das artes gráficas?

Estou há 47 anos nas artes gráficas. Comecei muito novo, numa grande empresa do Porto, que infelizmente já fechou. Fui depois convidado a chefiar uma gráfica, onde estive cerca dez anos. Entretanto, há cerca de 24 anos, decidi montar a minha empresa, a Tecnicromo, com dois amigos, um comercial que trabalhava comigo, e outro, que era vendedor de máquinas e de produtos gráficos. Fizemos uma sociedade, começámos pequeno e fomos crescendo.

Como é que fizeram esse percurso, desde o início até ao que é hoje a Tecnicromo?

Começámos por ir à Suiça comprar máquinas, uma de impressão e outra de corte-e-vinco. Nesta sociedade, era eu o impressor, fazia a produção, o sócio que estava ligado à área comercial, fazia as vendas, e o outro tratava da parte administrativa. E fomos avançando e aumentando o parque de máquinas da empresa. Comprámos uma máquina a 4 cores e fomos conquistando mercado. Entretanto terminámos a sociedade e fiquei com a empresa.

tecnicromoHoje temos um parque de máquinas com 14 máquinas, quase todas Heidelberg. Temos uma máquina a cinco cores mais verniz, outra a quatro cores, a duas cores e a uma e uma GTO. Temos máquinas de dobrar e de acabamento.Temos ainda equipamento digital, da Konica Minolta. Entretanto mudámos de instalações há cerca de um ano.

Isso significa que o negócio está a correr bem, apesar da crise?

A crise existe para todos e também a estamos a sentir, mas talvez não estejamos a sofrer tanto porque tentamos sempre contornar os problemas. Somos uma empresa dedicada e a nossa forma de trabalhar reflecte isso. Somos muito rigorosos na qualidade do nosso trabalho e no cumprimento de prazos. Fazemos questão sempre de cumprir os prazos de entrega. Somos também uma empresa certificada.

Neste momento trabalham com quantos funcionários?

Neste momento a nossa equipa conta com 32 colaboradores. Não estamos a trabalhar com turnos, cumprimos as horas normais de trabalho. Já lá vai o tempo em que quase vivíamos na gráfica. De qualquer forma, posso dizer que estamos no caminho certo e que tentamos sempre ir evoluindo. Pretendemos aumentar as nossas instalações. Actualmente estamos a trabalhar num pavilhão com 1.200 m2, e queremos aumentar mais 300m2. Mas ainda não será para já, vamos esperar um pouco mais para ver como se porta o mercado, embora o projecto já esteja aprovado.

Estão a pensar comprar novo equipamento?

Neste momento não pensamos adquirir mais equipamento, a não ser máquinas mais pequenas, de apoio.

A vossa gráfica posiciona-se sobretudo na impressão de qualidade?

Sim, o nosso objectivo é sempre imprimir com qualidade e temos vários tipos de clientes, de grandes a pequenas empresas.

Hoje em dia, o cliente está habituado a querer bom trabalho a preços muito baixos, e não podemos cair nessa situação. A qualidade que entregamos tem um custo, e não podemos descer os preços abaixo desse custo, porque senão temos prejuízo.

Esse é um dos problemas do sector, uma vez que muitas empresas baixam os preços para valores insustentáveis para todos. O que pensa disso?

No que diz respeito ao baixar os preços, também não fugimos à regra, e tivemos que o fazer. Mas não podemos fazer os disparates que muitas empresas fazem. Sinto-me muito desagradado com muita coisa a que se assiste hoje no nosso mercado. Nós os gráficos deveríamos ser mais unidos. Estamos a competir com preços que não se entendem e que prejudicam quem trabalha de uma forma correcta. Nós temos uma empresa organizada, mas por vezes perdemos trabalhos para gráficas que não têm praticamente capacidade nem condições, mas que praticam preços mais baixos.

Há empresas que compram uma máquina digital, trabalham numa garagem, e já se apresentam como uma gráfica. Uma empresa só deveria ser considerada gráfica se tivesse capacidade de resposta, de produção, de gerar empregos e de mostrar ao cliente que tem qualidade e condições.