Thomaz Caspary
Thomaz Caspary, Consultor de empresas, Coach e diretor da Printconsult Ltda.

A meu ver assim como cada pessoa tem características próprias e individuais, além de desempenho diferenciado, as empresas gráficas, como expressão econômica da atividade social, da mesma forma, são dotadas de individualidades que as distinguem umas das outras. No caso das gráficas no Brasil, as individualidades podem ser verificadas em aspectos como: níveis de eficiência e eficácia, estrutura física, estrutura organizacional, níveis e linhas de poder, entre outros. Sabemos (sem querer generalizar), que mais de 95% das gráficas brasileiras são empresas pequenas e médias, quase todas com estruturas familiares e com pouca visão de gestão profissional.

Os principais aspectos da diferenciação entre as nossas empresas gráficas são estabelecidos pelos modelos de gestão e, em consequência, relacionam-se diretamente com a cultura organizacional e impactam o seu desempenho. Neste sentido, é relevante o delineamento do modelo de gestão e sua interação com a cultura organizacional, uma vez que, apesar das dificuldades de gerenciamento da cultura, todo gestor deveria possuir a capacidade de identificar as particularidades de uma das variáveis mais relevantes no contexto empresarial, a cultura da sua própria empresa.

Muitas empresas gráficas têm buscado um caminho para as mudanças em modelos como downsizing, qualidade total, reengenharia, terceirização. Porém, de acordo com nossas pesquisas no Brasil, quando programas de Total Quality Management – TQM e downsizing foram implementados, sem considerar a mudança cultural inerente, não obtiveram sucesso. Quando a cultura destas gráficas era uma meta explícita da mudança e parte de um amplo esforço de mudança cultural, obtiveram sucesso. A empresa gráfica brasileira se tornou mais eficiente e eficaz após analisar coma ajuda de consultores e Coaches cada caso em separado.

VELHA GUARDA

Conversando com empresários da velha guarda da indústria gráfica concluímos que antigamente a Gestão Empresarial era uma tarefa fácil. Antigamente os Planos Empresariais poderiam ser feitos por extrapolação da evolução do passado. A Globalização nos ensinou que agir localmente já não basta mais; é preciso ser global. A interconexão digital mostrou que correr já não basta mais; é preciso correr “na velocidade da internet”. A arquitetura organizacional tradicional mudou de vertical para funcional, de funcional para matricial e de matricial para horizontal.

Nunca foram tão fundamentais a visão e a postura da Alta Gerência. Já não basta confiar em uma estrutura estanque em vez de um processo flexível. Não se pode acreditar demais em políticas, diretrizes e normas duradouras, dispensando revisões constantes. Quer ser Líder, não seja o dono da verdade, mas sim o inspirador de uma equipe criativa e envolvida. Estamos na era onde a Gestão Empresarial deve ser orientada para o “Crescimento e a Expansão com lucro, de forma sustentável”.

MODELO MAIS ADEQUADO

Todo empresário, administrador, executivo ou gestor em algum momento já se perguntou qual seria o modelo mais adequado para o negócio que conduz independentemente ser uma gráfica, ou outro negócio qualquer. Há alguns anos venho acompanhando a evolução do nosso mercado e utilizando como guia orientador de minhas ações, na função de consultor de empresas, os fundamentos e critérios dos programas de excelência em gestão da qualidade e produtividade, e sem dúvida encontrei uma resposta que pode atender satisfatoriamente a esta indagação.

O novo modelo de gestão prima por uma liderança comprometida com a excelência de seus produtos e serviços, que é o ponto chave do desenvolvimento de qualquer organização. Essa liderança deve ter uma competência estratégica, para direcionar eficazmente sua organização rumo ao sucesso, preocupada com a sustentabilidade e a sobrevivência da empresa ao longo do tempo, sempre atenta às necessidades das partes interessadas, com foco nos clientes, que a mantêm funcionando, e na sociedade onde está inserida.

Esse modelo diferente do que muitos desejam nas nossas gráficas, não é descritivo. Não é uma receita de bolo, uma solução pronta de como fazer as coisas para atingir excelência na gestão empresarial, pelo contrário, mostra apenas o caminho, uma forma de fazer, deixando o como fazer inteiramente nas mãos e inteligência da liderança da gráfica. É impossível que a empresa gráfica nos dias de hoje, encontre uma única forma de gerenciar o seu negócio. A nossa gráfica sempre estará envolta por uma solução diferente dependendo da complexidade do problema seja utilizando técnicas das Boas Práticas, da gestão estratégica, da gestão pela qualidade total, da gestão por competências ou de outras tantas e diferentes formas de gerir uma empresa ou mesmo um departamento da gráfica. Podemos elencar alguns tópicos de modelos de gestão encontrados em nossas andanças.

  • O Aprendizado Organizacional, por exemplo, é a busca e alcance de um novo patamar de conhecimento para a empresa por meio da percepção, reflexão, avaliação e compartilhamento de experiências de nosso dia-a-dia.
  • Existem os que conduzem com inovação – O fazem com a promoção de um ambiente favorável à criatividade, experimentação e implementação de novas ideias que possam gerar um diferencial competitivo, seja ele técnico ou comercial, alavancando a atração de clientes para a gráfica.
  • Temos os que se utilizam da liderança e constância de propósitos onde a atuação do principal executivo é praticada de forma aberta, democrática, inspiradora e motivadora das pessoas, visando ao desenvolvimento da excelência, à promoção de relações de qualidade e à proteção dos interesses das partes interessadas.
  • O uso de processos e informações é outro modelo onde temos uma segmentação do conjunto das atividades e processos da organização que agreguem valor para as partes. A tomada de decisões e execução de ações deve ter como base a medição e análise do desempenho, levando-se em consideração as informações disponíveis, além de incluir os riscos identificados.
  • A gestão com ampla visão do futuro existindo por parte do gestor uma compreensão dos fatores que afetam a gráfica e o ambiente externo a curto e a longo prazo, visando a sua perenização. Nem sempre o gestor consegue fazer isso sozinho, necessitando de ajuda externa para o alcance de resultados consistentes, assegurando a rentabilidade da gráfica a longo prazo pelo aumento de valor de forma sustentada para todas as partes interessadas.
  • Estabelecimento de Relações com o Mercado, conhecendo e entendendo o cliente e o mercado, visando à criação de valor de forma sustentada para o cliente e, conseqüentemente, gerando maior competitividade no mercado. Deve também criar junto aos seus funcionários de todos os níveis, condições para que se realizem profissionalmente e humanamente, maximizando seu desempenho por meio de treinamento de cada departamento e do comprometimento, desenvolvimento de competências. Um Coach pode ser útil para ajudar o gestor nesta tarefa.

Finalizando, os modelos da Gestão Empresarial continuam a evoluir de modo envolvente e a emergência de novas tecnologias digitais está acelerando esta evolução. Ao abordar o tema acima, com suas variáveis, espero ter contribuído para facilitar a escolha do “seu” Modelo de Gestão, entendido como ponto de partida para alavancar a sua carreira empreendedora, individual e corporativa.