Com 20 anos de existência, a Associação dos Comerciantes de Equipamentos e Produtos para as Artes Gráficas (ACEPAG) representa algumas das maiores empresas fornecedoras da indústria gráfica nacional.
Paulo Almeida Santos
Paulo Almeida Santos,
Presidente de ACEPAG – Associação dos Comerciantes de Equipamentos e Produtos para as Artes Gráficas

Em entrevista à “La Prensa” (onde esteve acompanhado por Alfredo Theodoro, secretário-geral da associação), Paulo Almeida Santos, o actual presidente, e director geral da Stag, afirma que as empresas estão a viver tempos conturbados, com quebras acentuadas nas vendas, e defende que se deve apostar no mercado internacional.

Há 20 anos, o que levou os fornecedores de equipamentos gráficos a criar uma associação?

A associação foi criada em 1991, por iniciativa de um grupo de comerciantes do sector, com o apoio do Dr. Alfredo Theodoro, que já tinha sido sócio fundador da Apigraf. Nessa altura, eram promovidas em Portugal feiras da indústria gráfica, em Lisboa e no Porto, mas por vezes decorriam em períodos que não eram do interesse nem dos comerciantes nem dos industriais. Surgiu a necessidade de que houvesse uma entidade que regulasse tudo isto, em consonância com os interesses dos comerciantes e dos empresários da indústria gráfica, e pretendeu-se, com a associação, criar um interlocutor válido, inclusive para discutir os termos de negociação e de preços. Nesse mesmo ano, em 91, houve uma feira no Porto.

No entanto, ainda assim, surgiram problemas relacionados com a localização das feiras?

A ACEPAG organizou com sucesso feiras internacionais, duas das quais em Lisboa, uma na antiga FIL e outra no Parque das Nações. Como estas duas tiveram lugar em Lisboa, a determinada altura houve uma reacção dos comerciantes do Porto, que defendiam que se deveria organizar uma feira em Lisboa e outra no Porto. Na altura avançámos com um inquérito às associadas, no sentido de saber qual era a preferência. A maioria dos inquiridos decidiu que deveriam ter lugar em Lisboa. Na verdade, todas as feiras do sector que decorrem lá fora, são sempre feitas no mesmo sítio. Nessa altura houve uma pequena cisão na associação. Algumas associadas do Porto saíram (algumas das quais acabaram por regressar, mais tarde). E também entraram outras novas.

As feiras decorriam de 4 em 4 anos e após esta cisão ainda houve, em 2001, uma feira, no Parque das Nações, que correu muito bem. O que aconteceu, depois, foi que o sector gráfico começou a ter os problemas que se foram agravando nos últimos anos, e chegou-se à conclusão que fazer uma feira em Portugal naquelas condições não era opção. Fez-se nova consulta aos associados que entenderam que se devia aguardar. Na verdade o sector gráfico está em crise desde 2000. E por isso houve também uma alteração nas condições dos fabricantes. Estar presente numa feira implica um investimento muito grande, e como o mercado entrou em crise, tornava-se mais complicado gerar rentabilidade. Por isso decidiu-se aguardar por uma melhor altura. Tenho esperança que dentro de três ou quatro anos, se consiga realizar uma feira gráfica, eventualmente noutros moldes.

(Alfredo Theodoro: Recordo-me de ir a feiras de artes gráficas em Portugal, desde os meus 21 anos. Lembro-me da inauguração de uma delas, que contou com a presença do Presidente da República, Américo Tomás. Na altura eram organizadas pela FIL, um dos comissários das feiras era o Dr. Mário José das Neves, director do Diário de Lisboa, mas isto já foi há cerca de 50 anos, o que significa que já há meio século havia feiras de artes gráficas.)

A associação surgiu por causa das feiras, mas mesmo com a interrupção dos certames, acabou por se manter…

A associação mantém-se e conta actualmente com cerca de 20 associados. Tínhamos cerca de 40 empresas, e a redução deste número deveu-se sobretudo a razões económicas. Muitas empresas abriram falência. Houve ainda fusões e outras deslocaram-se para outros países. A própria associação adaptou-se às novas realidades e teve que se ajustar. Presentemente, a associação conta com as maiores empresas do sector papeleiro, como a Inapa, a Torraspapel e a Antalis, o que também lhe confere uma maior visibilidade.

As quotas da associação são elevadas?

Não. Temos uma quota anual que tem a ver com o número de funcionários da empresa e que varia entre os 300 e os 1400 euros.

(Alfredo Theodoro: E nunca foi aumentada. A quota de hoje é a mesma de há 20 anos.)

Apesar de não termos aumentado a quota, criámos novos benefícios para os associados. Promovemos alguns cursos, seminários e estágios, de diferentes áreas, nomeadamente para vendedores, chefes de vendas, administrativos, quadros e gestores, que decorreram tanto em Lisboa como Porto. Também temos pacotes de seguros que permitem às empresas contratar seguros mais económicos. Criámos ainda o apoio jurídico, que trata de todos os assuntos relacionados com vendas, pagando o associado apenas as despesas e os custos judiciais.