Armando Zagalo de LimaPresidente da Xerox Technology

Armando Zagalo de Lima é um executivo português detentor de um dos mais altos cargos numa empresa internacional da indústria de artes gráficas. Entrou para a Xerox em 1983 e desde janeiro deste ano que assume o cargo de presidente da Xerox Technology, mantendo também a função de vice-presidente executivo da Xerox Corporation. Ainda recentemente, ocupava a cadeira de presidente da empresa na Europa, altura em que esta entrevista decorreu.

Qual pensa que será o mercado mais desenvolvido nos próximos dez anos, quando pensamos no crescimento da impressão digital?

Penso que este é um tema delicado e que exige alguma cautela, uma vez que há cerca de dez anos acreditávamos que iríamos substituir o offset. Hoje já não pensamos assim. Nessa altura a Xerox era uma empresa jovem no mercado das artes gráficas e entrámos com a convicção de que a nossa tecnologia iria conquistar tudo. Neste momento, temos a consciência de que o offset tem um espaço, que inclusivamente é útil, porque seria catastrófico que a tecnologia offset desaparecesse do mercado. Ficaríamos com um espaço impossível de substituir. No entanto, acredito que o mercado está a caminhar para o digital, esta é uma opinião pessoal, não é a posição da Xerox, mas não consigo imaginar nada analógico daqui a dez anos. Penso que tudo se irá tornar digital, não só na indústria de artes gráficas, como a própria tecnologia offset está a caminhar nessa direção.

Há um grande volume de produção que ainda não passou a digital, porque a indústria é muito tradicional e algo conservadora, apesar de se dirigir a um mercado que é criativo e algo aventureiro. Se me permite, vou referir a evolução que verifiquei nos últimos anos e que considero curiosa: em 2000 chegavam à Drupa os gráficos e os protagonistas da indústria gráfica disseram “não” ao digital, e que não iriam por aí. Em 2004 já diziam “tenho que ir ao digital”; em 2008 uma percentagem importante já foi ao digital e aqueles que não o fizeram estão hoje preocupados precisamente porque não foram.

Será que quando, em 2000, os gráficos diziam que não iriam entrar no digital, isso acontecia porque o digital dessa altura ainda não era realmente aceitável?

É verdade, tem havido uma evolução enorme em termos de qualidade, velocidade, flexibilidade de tipos de papel. Encontramo-nos agora numa posição única para fazer uma migração do offset para o digital. A situação económica neste momento não é a mais favorável para investimentos e riscos, por isso é possível que alguns empresários evitem investir por agora, mas sabem que o vão ter que fazer. Também se verificou uma evolução no utilizador final. Alguns dos nossos parceiros que oferecem offset e digital dizem que os clientes não sabem se devem imprimir numa ou noutra tecnologia. Isto era impensável há mais de cinco anos. Nesses dias, os parceiros do mundo gráficos estavam a tentar fazer o utilizador perceber que o digital era melhor para uma aplicação específica, e o utilizador dizia: “não, não, gosto do offset”! Este é um exemplo em como a evolução do digital está a ficar perfeita. Vamos evoluir para um mercado de personalização, de curtas tiragens, o que fará aumentar a produção digital.

Como pensa que vai decorrer a transição da impressão do offset para a digital?

Irá haver um aumento do volume da transição do offset para digital, que ainda representa uma quantidade relativamente pequena. Podemos dividir o mercado de offset em elegível e não elegível para passar a digital. Se estamos a falar de um jornal com grandes tiragens não vale a pena falar de digital, mas já é possível fazê-lo quando se trata de jornais de pequena tiragem.

Outra área em crescimento na Xerox está ligada aosserviços e uma terceira é, curiosamente, a área das pequenas impressoras, onde estamos a investir bastante. Hoje em dia, a área de artes gráficas é claramente uma oportunidade para o digital, nomeadamente as novas aplicações, o transpromocional, a fotografia, entre outras. Todas as novas aplicações, fotos, embalagem, transpromo, e edição são potenciadoras da migração do volume do offset tradicional para o digital.

Na edição de março-abril 2012 da revista LA PRENSA vai encontrar a entrevista completa com Armando Zagalo de Lima – Leia entrevista