Jorge Alves, consultor da Enviestudos, trabalha há mais de 10 anos com empresas gráficas e conhece bem as suas fraquezas e potencialidades. Fundador de uma empresa que presta serviços de consultoria, formação e monitorização, o responsável pelas áreas de assessoria, certificação e comunicação da consultora, deixa aqui algumas dicas a empresários gráficos que pretendam sobreviver num mercado cada vez mais competitivo.
De que forma começou a Enviestudos a trabalhar com as gráficas?
 Jorge Alves

A Enviestudos foi criada em 1999 por mim e pelo meu sócio Rui Guinote. Começámos a trabalhar com empresas gráficas cerca de um ano depois, altura em que Portugal começou a importar diretivas comunitárias. Os nossos primeiros trabalhos passavam por permitir às gráficas a adaptação a uma legislação cada vez mais moderna e uniformizada a nível europeu, principalmente em matéria ambiental. Nesse sentido, trabalhámos com várias gráficas, o que nos permitiu conhecer os seus processos de trabalho e de negócio. Entretanto em 2005 formalizámos um protocolo com a APIGRAF.

Para além dessa vertente, que outros serviços prestam às gráficas?

Desenvolvemos diversos serviços nas gráficas. A nossa atividade de consultoria está focada na legislação, ambiente e segurança. Desenvolvemos também a área de formação, e em termos de monitorização avaliamos questões como o ruído ambiental ou laboral, ou ainda a qualidade do ar interior, conforto técnico, temperaturas, iluminâncias, e outros parâmetros associados à parte interna da organização e dos trabalhadores.

E em termos de gestão, que necessidades têm verificado nesta indústria?

Nessa vertente, prestamos serviços dirigidos a empresários que têm uma perspetiva de evolução e diferenciação no mercado, onde se inserem o apoio à implementação de sistemas de gestão da qualidade, ambiente e segurança, com vista à certificação. Esse é um serviço que pressupõe um outro tipo de envolvimento, com outro tipo de prazos e com outro tipo de resultados para as organizações.

E esse tipo de intervenção pode fazer toda a diferença para os resultados de uma empresa gráfica?

Neste caso, estamos a falar em desenvolver, nas gráficas, sistemas de gestão que estão enquadrados num esquema de gestão global com vista a produzir resultados que levem à melhoria de processos, à diferenciação e à satisfação do cliente. Por um lado, existem actualmente áreas de negócio onde a certificação é uma exigência. Há clientes que não trabalham com empresas que não estejam certificadas. Por outro lado, temos situações em que são as empresas que olham para as certificações como uma forma de melhorar a sua organização interna e de funcionamento. Neste caso a certificação é um fator diferenciador e de competitividade em qualidade, ambiente e segurança e até mesmo ao nível de responsabilidade social.

Quando começou a visitar as gráficas quais as suas primeiras impressões? Havia muito a fazer?

No início, praticamente tudo, embora as gráficas não sejam todas iguais. Há um universo de empresas, que abrange desde as grandes gráficas – algumas com capital estrangeiro, onde as regras implementadas e cumpridas são corporativas e internacionais – até às pequenas e médias, que constituem a grande fatia do sector. Neste caso, as gráficas não são diferentes do restante universo empresarial. São, muitas vezes, empresas com dezenas de anos, que cresceram impulsionadas pela capacidade e vontade de fazer de alguém que tinha, de facto, iniciativa e que conseguiu encontrar o seu nicho de mercado, mas que do ponto de vista da gestão está, por vezes, relativamente pouco preparado. Embora o mercado tenha evoluído, na altura havia muito a fazer, em termos de qualidade, ambiente e segurança.

Que tipo de fragilidades encontram com frequência nas gráficas?

Uma das áreas mais críticas e que, com frequência, necessita de ser melhorada está relacionada com os recursos humanos, com a formação e com a competência de técnicos e chefias, em particular ao nível comercial, de gestão e também ao nível técnico. A formação técnica na indústria gráfica é um fator de insucesso e, por norma, todos os gráficos se queixam que a única forma que têm de dar formação e competência aos seus colaboradores é na própria gráfica, através do passar do conhecimento entre gerações, entre pessoas que já estão e pessoas que vão entrando.