Como a embalagem estará posicionada com os avanços e as novas demandas da sociedade e como as tecnologias e processos de produção avançam para atender aos principais requisitos dos donos de marca? Estes foram alguns dos temas debatidos durante o Congresso Internacional de Tecnologia Gráfica que ocorreu em 23 de agosto na cidade de São Paulo.
O evento é uma realização da Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica – ABTG, com organização da APS Marketing de Eventos.
Francisco Veloso Filho, presidente da ABTG, reforça quais eram as pretensões do projeto: “Nosso objetivo ao apresentarmos esta grade de palestras foi, antes de tudo, possibilitar uma ampla percepção aos participantes sob a ótica da embalagem, num conceito mais amplo do que o normalmente observado, em que o tipo de substrato utilizado cria um divisor de segmentos industriais. Queremos integrar essas visões trazendo ao centro das discussões os papéis dos donos das marcas e principalmente as demandas e novos posicionamentos dos consumidores finais, e o papel e oportunidades dos fornecedores de embalagens nesse contexto”.
Para Veloso, “Nessa dinâmica apresentada, as soluções são cada vez mais interativas e personalizadas, cabendo aqui leituras de adequações para cada empresa às alternativas tecnológicas, estratégicas e mercadológicas adotadas, ou passíveis de mudanças e adequações. As possibilidades são múltiplas. Nossa proposta foi expor algumas possibilidades dessa multiplicidade, e entendemos que permitiu avaliações e reflexões, criando assim uma perspectiva da embalagem em nosso futuro”.
A apresentação do evento foi feita por Bruno Cialone, presidente do Conselho Diretivo da ABTG e por Manoel Manteigas de Oliveira – diretor técnico. Na abertura do Congresso, Francisco Veloso Filho destacou a importância da entidade dentro do mundo da comunicação gráfica e de suas atividades e parcerias atuais.
Aleks Zlatic, gerente de embalagens da EFI, mostrou como a indústria de embalagens cresce pelo mundo, com cerca de 2 a 3% acima do PIB de cada país. Mercados emergentes estão entre os que apresentam os melhores índices. Mais uma vez foi possível ver como o que se discute na sociedade impacta a produção de embalagens. Aleks reforçou a tese de que os produtos precisam ser mais amigáveis ao meio ambiente, visto que os jovens possuem alta consciência de responsabilidade social: eles também compram muito no e-commerce, outra tendência a ser observada.
O especialista relatou que mercados como metal e vidro estão migrando para a embalagem flexível. O mercado de rótulos é outro que cresce com força, com o sleeve trazendo maior facilidade para produtos com muitas variações em sua linha (sabores/aromas). Aleks inseriu mais um assunto no Congresso: a importância de agilizar os orçamentos e medir com eficiência a produção, através do uso de softwares especializados.
A força do digital na embalagem
No período da tarde, o Congresso Internacional de Tecnologia Gráfica seguiu com a palestra sobre impressão digital com Felipe Camargo, diretor de negócios da Camargo Embalagens. Ele ressaltou que, com um parque gráfico integrado com tecnologias digital e analógica, o empresário de impressão consegue reproduzir uma ou um milhão de cópias de uma embalagem com as mesmas características.
Ele mostrou, com dados e apresentação de diversos cases nacionais e internacionais, como a impressão digital de embalagens cresce no mundo todo. Campanhas de marketing criativas usando os recursos de dados e imagens variáveis nas embalagens aumentam o engajamento do consumidor e, por consequência, a compra dos produtos.
Em seguida, Rafael Aranjues, gerente regional de produtos da Epson, seguiu com impressão digital no Congresso, agora com foco em rótulos e etiquetas. Ele prevê que em breve 1/3 desse mercado será digital. Ele tratou das tecnologias digitais, segmentação de produtos com customização massiva, além das tendências de personalização.
O digital se adapta bem às constantes necessidades de mudanças nos rótulos por conta de alterações em normas legislativas, por exemplo. Outra tendência trazida pelo digital é a curtíssima tiragem, com impressoras desktop, que produzem rótulos sob demanda e já são instaladas em donos de marca, como cervejarias e vinícolas. A tecnologia avança e há equipamentos de impressão digital de rótulos também com produção em escala industrial, que mescla produtividade e flexibilidade.
Aislan Baer, diretor da ProjetoPack, reforçou o papel da embalagem no marketing, especialmente no quadro de construção de uma marca de sucesso. É preciso trabalhar na marca para que esta conquiste fãs, o que aumenta seu engajamento perante a sociedade. Isto é de grande relevância analisando outro ponto: nove empresas são “donas” de cerca de 65% dos produtos que as pessoas colocam em seus carrinhos em um supermercado.
Para finalizar o Congresso, Marcos Cardinale, gerente de marketing da Esko, falou sobre o que o mundo digital oferece para aumentar o desempenho e resultados na produção de embalagens. No caso da flexografia, a gravação de clichês sofreu uma revolução, trazendo maior velocidade, qualidade e flexibilidade no processo.
Cardinale frisou que o gerenciamento no projeto de embalagem saiu do papel e migrou ao digital. Ele interliga todo o fluxo de produção, apoiado por outros sistemas, como o design 3D. Outro ponto tocado por Marcos é a gama expandida, conceito para imprimir mais de 90% da escala Pantone com apenas sete tintas fixas na impressora. E, finalizando, com o acabamento digital, visando a embalagem perfeita.
A terceira edição do Congresso Internacional de Tecnologia Gráfica já tem data para ocorrer: 22 de agosto de 2019. Durante o evento deste ano, pesquisas foram feitas para definir qual será o tema central da próxima edição, com as sugestões “Impressão Digital”, “Segmento Editorial” ou “Gestão de Tecnologia”, com os participantes podendo ainda sugerir outros assuntos.